quinta-feira, 23 de julho de 2015

EUA : Projetos de lei visam barrar coordenação entre Super PACs e candidatos

       Como dito em post anterior, os Super PACs são comitês que podem receber somas ilimitadas de dinheiro, provenientes de pessoas físicas e jurídicas, para gastar também ilimitadamente em campanhas eleitorais para cargos eletivos federais, mas esses gastos devem ser verdadeiramente independentes – os Super PACs não podem coordenar suas atividades com a campanha do candidato que apoiam.
            A coordenação entre Super PAcs e candidatos contraria a lógica do  direito eleitoral norte-americano. Essa lógica dita que não se pode limitar os gastos independentes com campanhas políticas, porque uma tal limitação atentaria contra o princípio da liberdade de expressão, protegido pela primeira emenda à Constituição.
            Na desastrosa decisão proferida no caso Citizens United, a Suprema Corte estendeu às empresas o direito de fazer gastos independentes com propaganda política, direito esse considerado manifestação da liberdade de expressão, o que como visto deu origem aos Super PACs.
            Por outro lado, porém, está na lei que rege o financiamento das campanhas federais e é ponto pacífico que as doações feitas às campanhas, às quais se equiparam os gastos coordenados, são potencialmente corruptoras e estão sujeitas a limites baixos, além de serem vedadas às pessoas jurídicas.
            Vê-se portanto a importância da noção de coordenação para o direito eleitoral e para a democracia norte-americana.
Ocorre que, na prática, a vedação à coordenação entre Super PACs e candidatos tem sido amplamente contornada, se não abertamente violada. É sabido que os dirigentes dos Super PACs costumam ser pessoas próximas aos candidatos, e que os candidatos promovem o levantamento de recursos para os Super PACs que os apoiam.
            Por essa razão, projetos de lei pretendem dificultar a coordenação entre Super PACs e candidatos.
            Os principais pontos desses projetos de lei são os seguintes:
1-) Definição de coordenação como qualquer pagamento, feito por qualquer pessoa, “em cooperação, consulta ou concerto com, ou por solicitação ou sugestão” de um candidato, comitê de campanha de candidato ou partido político; isso inclui pagamentos para republicar, difundir ou distribuir material criado pela campanha do candidato;
2-) Vedação a todo grupo que coordene suas atividades com as da campanha do candidato de destacar uma parte para atividades não coordenadas, sob pretexto de que estão separadas por um firewall interno;
3-) Vedação aos Super PACs que apoiam um só candidato de agir como braço da campanha desse candidato, por meio da definição de “gastador coordenado” – indivíduos ou organizações que mantêm estreita relação com o candidato e cujos gastos com propaganda política ficam sujeitos aos mesmos limites e vedações impostos às doações.
4-) Um Super PAC é considerado um “gastador coordenado” se:
- é criado por pedido, sugestão, encorajamento ou aprovação do candidato ou seus agentes;
- os candidatos ou seus agentes solicitam recursos ou levantam fundos para o Super PAC;
- o Super PAC é dirigido por antigos colaboradores do candidato ou por membros de sua família;
- o Super PAC contrata os serviços de qualquer pessoa que nos últimos dois anos tenha trabalhado para a campanha do candidato.

            Grupos de pressão estão enviando cartas aos deputados e senadores em apoio a esses projetos, salientando o perigo que representa para a democracia norte-americana a prática corrente da coordenação entre Super PACs e candidatos.